Se você é professora de Língua Portuguesa, já passou por isso: você chega empolgada com o livro, propõe a leitura… e a turma responde com aquele silêncio constrangedor (ou pior: com bocejos).
Calma. Não é (só) culpa sua.
Ensinar leitura literária para alunos desmotivados é um desafio real — mas, também, uma oportunidade de transformação profunda.
Hoje eu quero compartilhar com você algumas estratégias que aplico, ensino na minha mentoria e que podem virar a chave dessa história. Vamos juntas?
A raiz da desmotivação: antes de tudo, escute
Antes de sair distribuindo livros e atividades, precisamos fazer o exercício mais delicado (e mais potente) da docência: a escuta.
Muitas vezes, o desinteresse dos alunos pela leitura literária não nasce da dificuldade, mas da falta de identificação. Eles não se veem nos textos. Ou então carregam traumas anteriores: aquela leitura obrigatória que não fez sentido, aquele questionário que virou uma tortura.
Quando abrimos espaço para ouvi-los — suas experiências, gostos, medos — já damos o primeiro passo para construir um caminho de aproximação.
O livro certo na hora certa
Não existe mágica, mas existe estratégia.
A escolha do livro é peça-chave nesse processo.
Algumas perguntas que sempre me guiam:
- Este texto conversa com o universo emocional dos meus alunos?
- Ele traz conflitos, temas ou personagens que possam gerar identificação?
- A linguagem é acessível sem ser simplista?
- Ele pode abrir espaço para conversas genuínas?
Às vezes, um bom conto curto (Lygia Bojunga, Marina Colasanti, Carlos Drummond) pode surtir um efeito muito maior do que aquele clássico de 300 páginas que só nós, professoras apaixonadas, damos conta de encarar com entusiasmo.
Pequenas doses, grandes efeitos
Ler um livro inteiro logo de cara pode ser intimidador.
Por isso, eu costumo propor o que chamo de entrada gradual na piscina da literatura:
- Trechos selecionados: escolha passagens que já tenham forte apelo narrativo ou emocional.
- Leituras compartilhadas: ler em voz alta junto com a turma ajuda na compreensão e cria um clima de acolhimento.
- Microprojetos de leitura: pequenas sequências didáticas com objetivos claros e alcançáveis.
Quando os alunos percebem que conseguem compreender, participar e até gostar daquela leitura, a barreira inicial começa a ruir.
Conversa antes da cobrança
Outro ponto importante: antes de avaliar, converse.
Crie momentos de roda de conversa, debates leves, espaços em que o aluno possa dizer o que sentiu, o que entendeu, o que não entendeu, o que achou parecido com a própria vida.
Essa conversa prepara o terreno para que a leitura deixe de ser um “dever” e passe a ser uma experiência.
Aliás, já ouvi de uma aluna:
“Professora, eu nem gosto de ler… mas desse jeito, até que foi legal.”
(Você sabe, né? Na linguagem adolescente, isso é praticamente uma declaração de amor à sua aula.)
Atividades criativas que geram vínculo com o texto
Depois da leitura, proponha produções que conectem o aluno ao livro:
- Reescrita de trechos sob outros pontos de vista.
- Criação de fanfics ou cartas dos personagens.
- Adaptações para teatro ou vídeo.
- Debates sobre temas do livro comparados à realidade dos alunos.
Quando o estudante cria a partir da leitura, ele não apenas entende — ele se apropria do texto.
E o papel do professor?
Aqui vem a parte que eu mais defendo:
O seu papel não é “forçar” o amor pela leitura. É abrir janelas.
Oferecer pontes. Criar experiências. Respeitar o tempo e o universo de cada turma.
Como eu sempre digo na minha mentoria:
Leitura não é castigo, é convite.
Se você quer aprender mais estratégias como essas, estruturadas para a realidade da escola pública e com respeito ao seu tempo e à sua saúde mental docente, eu te convido a conhecer minha Mentoria para Professores de Língua Portuguesa.
👉 Juntas, podemos transformar as aulas de leitura em momentos vivos, significativos e, por que não, leves. Vem comigo?