O equívoco silencioso da alfabetização mecânica
No Brasil, muito se fala sobre a importância de alfabetizar até os sete anos. E sim, é fundamental que toda criança aprenda a ler. Mas há um equívoco silencioso que ainda se repete em muitas escolas: ensinar a decodificar palavras não é o mesmo que formar leitores.
Uma criança pode juntar sílabas, “ler” com fluência e mesmo assim nunca se encantar por um livro. Nunca mergulhar em uma história. Nunca escolher ler por prazer. O que estamos ensinando, afinal? A lê ou a amar a leitura?
A alfabetização como ponto de partida, não de chegada
Alfabetizar é dar uma chave. Mas formar leitores é abrir a porta. É mostrar o que há do outro lado. É sustentar a experiência da leitura como algo prazeroso, afetivo e significativo.
Ensinar a ler não pode se limitar ao método fônico, à letra cursiva, à leitura silábica. Esses são apenas recursos. A formação leitora acontece quando a criança entende que um livro pode conversar com ela. Pode acolher. Pode provocar. Pode ensinar sem parecer uma aula.
Quando a leitura é reduzida a exercícios mecânicos, esse direito é violado. A escola forma decodificadores, não leitores. E isso tem um custo altíssimo: jovens que não compreendem o que lêm, adultos que não sabem interpretar o mundo.
Leitores se formam em ambiente de escuta, afeto e liberdade
Para formar leitores, é preciso mais do que uma boa cartilha. É preciso criar um espaço onde a leitura seja vivida com emoção. Onde a criança possa rir, se assustar, imaginar, perguntar. Isso exige escuta. Exige tempo. E exige um professor ou professora que entenda que leitura é relação, não tarefa.
Ler em voz alta, criar conversas sobre a história, permitir que a criança reescreva, desenhe, brinque com o texto… tudo isso forma leitor.
Ensinar a ler é técnico. Formar leitores é poético, é pedagógico e é político.
A diferença entre ensinar a ler e formar leitores é que a primeira é uma habilidade funcional. A segunda é uma construção de mundo. Uma sala que forma leitores é uma sala viva: cheia de conversas, perguntas, paixões literárias. É ali que a leitura deixa de ser obrigação e vira desejo.
A alfabetização que forma leitores transforma vidas
Não basta ensinar a ler. É preciso formar leitores. Isso significa respeitar o tempo da criança, mas também oferecer experiências significativas. Significa colocar o livro no centro da sala, não como um objeto decorativo, mas como um amigo, um espelho, uma janela.
Quer ideias para tornar a leitura mais viva, criativa e encantadora desde os primeiros anos? Acesse as 50 Dinâmicas de Leitura e descubra como criar experiências leitoras que formam alunos e encantam professores.
📬 Seus alunos merecem uma aula com mais alma. Você também.
Assine e receba conteúdos exclusivos sobre Língua Portuguesa e novas metodologias.